sábado, 17 de janeiro de 2015

O "Natal Gaúcho", o Mate Gelado e a Coca Cola, Alguns Paralelos

Estamos de volta, conforme o prometido vou abordar sobre como se davam as comemorações do ciclo natalino nos rincões sulinos do Continente de São Pedro.

O Barbosa Lessa sempre comentava em suas palestras que existia um costume em Porto Alegre de 1945, as famílias após participarem da missa, comumente realizavam passeios pelos inúmeros parques da capital gaúcha e tomavam um mate gelado que era vendido em carrocinhas que existiam pelos passeios públicos, um hábito já arraigado na população do "Porto dos Casais".
Eis que essa idílica e prosaica tradição porto-alegrense por uma ordem de algum órgão público teve sua comercialização proibida, sem maiores explicações, duas semanas depois começou a venda de Coca Cola em Porto Alegre...

O que tem a ver essa passagem com a comemoração do natal no RS???

Tudo....

O natal hoje não é nem de longe a data do calendário cristão representativa da vinda do menino Jesus,  (adoção pela religião católica de uma festa pagã em honra ao solstício de inverno do hemisfério norte) está é a resposta para a decoração invernal em pleno e escaldante verão no Sul do mundo... Temos uma data extremamente importante... Importante para quem cara pálida? Importante para o comércio, que aufere os maiores lucros do ano nessa data.

As comemorações natalinas no Rio Grande do Sul eram um ciclo, tendo sua data máxima não no dia 25 de dezembro, mas sim em 06 de janeiro, dia dos Reis Magos , popularmente chamados "Santos Reses", com a presença dos Ternos de Reis que seguiam de rancho em rancho cantando versos alusivos ao ciclo natalino, onde eram recebidos com alimentos pela gente simples que morava na beira dos corredores,  como eram chamadas as estradas do Rio Grande antigo.

O formato das celebrações natalinas de hoje em dia é tão surreal que sequer é seguido pelo povo no qual foi inspirado, pois a celebração onde as famílias estadunidenses reúnem seus membros e trocam presentes é no Dia de Ação de Graças.

Bom voltando à passagem inicial do relato do Barbosa Lessa e a Coca cola, bom, aqui vem a já tradicional história da versão mais popular do Santa Clauss ou São Nicolau, um velhinho barbudo, que presenteia as crianças que se comportaram que casualmente utiliza as cores de uma marca de refrigerante bem famosa...

Além da degustação de aves natalinas,troca de presentes, nesse culto ao deus consumismo, devemos recordar os Ternos de Reis que rasgavam o breu da noite e levavam um canto de integração entre a gente humilde do Rio Grande do Sul.

Um comentário:

  1. Faz uns 20 anos, mais ou menos, quando eu passava o Natal na casa da minha vó em Jaquirana os Ternos de Reis passavam de casa em casa, e nós esperávamos eles com ansiedade. Tempo bom aquele, mas creio que, mais pro interior, continuam com a tradição. Muito bom o texto, parabéns!

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